domingo, julho 02, 2006

Antinomia


O cigarro
que se desprendeu
do meu dedo
do alto da varanda
foi se esparramar
sobre a mesa vizinha e
nesse instante
fitei o céu
para que lágrima e chuva
se confundissem
na sensação
estranha
de fraqueza
de impossibilidade
de me desculpar
por algo do qual culpa
tenho absolutamente nenhuma
e que se danem por isso
e pelo asceticismo hipócrita
tão volúvel quanto a fumaça
daquele cigarro que agora queima lento
e mordaz consumindo
todo tempo
enquanto há tempo
que aliás o meu
eu invento
tanto quanto tento
por se desprenderem de mim
tantos eventos
lembranças em movimento
ao embalo do vento
tudo lento
len-to
l-e-n-t-o
feito cigarro


(julho/2006)

Tenho dentro de mim um sentimento bom!

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