segunda-feira, maio 22, 2006

A vida em devaneio ou o amor é demais para a razão

Eram tantos os pássaros que rodopiavam no céu
Negros
Que meus olhos acompanhavam
Úmidos
Por entre o verde-musgo das árvores

Do alto desprendia-se uma lágrima
Solitária
A distância sempre me corrompe
Fraco
Já devo mais do que podia

Sou completamente exagerado
Gosto dos meus dedos lambuzados
Aguardando minha língua
Guardiã dos meus sabores

E estava cinza o céu acima de mim
Feio
Espaço ilimitado sem astros
Buraco
Vazio no horizonte do coração

Um rosto em tom avermelhado
Lindo
Rompeu o marasmo das nuvens
Densas
E uma ponta de luz se projetou

Não consigo interromper o choro
Falta-me sei lá o quê
Impossível represar os sentimentos
Sinto falta e choro

O vento revolve os nimbos
Pardacentos
No pedaço de papel a palavra
Única
A forma é o castigo da matéria

Domingos e domingos e domingos
Santos
A fuga de dois amores
Anjos
Encontro de olhos rutilantes

O beijo da partida chega cedo
Acelero entre carros e pessoas
Querendo voltar ao começo
Que ainda não aconteceu

Faz tempo, nem eu desconfiava,
Tento
Mas não consigo assim tão fácil
Durmo

Monto num cavalo-alado
Disparo
As nuvens são a meta desmedida
Universo

É que não sei o que vai ser
Que não me canso em te querer
Que faço tudo pra te ver
Que rodo o mundo pra te ter

E no fim tudo é metáfora
Hipérbole
Pessoas não passam de prosopopéia
Ironia

O amor é antítese em Camões
Fogo
E eu sou uma silepse da vida
Aparente discordância

Rasgo em prantos meu viver
Sempre espero por você
Tanta dor a se temer
Mais sentir do que viver

São poucos os pássaros
Que agora rodopiam no céu
Estão no chão em pedaços
Não são mais negros

Quero minha coroa
De espinhos
De lágrimas
De sangue
De saudade
De travessuras de menina
De detalhes
De poucos olhares
De muitos beijos
Quero já!

Perdoa, perdoa esse coração que pulsa
Esse amor que luta
Essa dor resoluta
Perdoa se te quero sempre mais!
Se for capaz
De me arrastar pra dentro de ti,
Lá ficarei!

Dentro da noite veloz, só o amor pode fazer o tempo parar! O céu já se transformou a essa altura das minhas palavras! Quero mais que posso, posso mais que imagino, e imagino que amo! Poema, menina! Poema!

Nenhum comentário: