domingo, junho 11, 2006

Poema sem sentido II


Eu só quero saber até quando vou ter de continuar
falando e cuspindo
sempre a mesma coisa
na cara de vocês
um dia sim
hei de me conquistar
e não mais precisarei
de muletas ou
cadeiras ou
guindastes ou
ajuda dos deuses todos
que não existem
para me sustentar
me levar
suspender
ao céu
nuvens de algodão
encharcadas de álcool
e esticarei meu dedo
com o fósforo cabeça vermelha
incendiando aquilo
que alguns
acreditam ser o andar
de cima dessa existência
orgânica finita

Eu só quero saber até quando meu gozo maior vai continuar
sendo ridicularizar
a ignorância alheia
que modéstia à parte
faço bem
né seus impermeáveis (?)
como dizia a dondoca de saltos
que ensinava educação
mas já tô um tanto enjoado
de ser assim
então muda você
coisa ruim
ou se muda
mas não fica aí
com essa cara
essa lata
essa carcaça
esse merda de vida muda

Eu só quero saber até quando minha paciência vai continuar
agüentando
esse seu pranto
pela perda de um torneio esportivo
ou então
a sua comoção
diante das divindades
ou quem sabe?
sua facilidade
em vomitar equívocos em demasia
porque já não cabe mais
meu saco na minha cueca
de furinhos
e nem mesmo uma ceroula
extra-grande
seria capaz de suportar
tamanho fardo

Eu só quero saber até quando vou ter de continuar
inventando
um jeito novo
o óbvio e ululante
do absurdo inegável
dessa massa de farinha
de trigo
com gema
que não dá liga nem fodendo
como diriam os paulistas
que agora sofrem
ou se divertem
ou se pervertem
no meio das matanças de esquina

Eu só quero saber
por último
se o último
da fila
não quer me escutar
pelo menos uma vez na vida
nem que seja a última
que meu amor
como tudo que é dor
acabou
e agora me sobrou a vida

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