quarta-feira, agosto 30, 2006

Muitos textos sobro muitas coisas

Levi Santos é aluno do 3ª ano do ensino médio, de pensamento e postura ideológica bastante peculiares. Figura difícil de estabelecer acordos, mas instigante exatamente por essa mesma característica. Seu texto é um embate com o mundo e consigo mesmo, que nos revela os conflitos mais singulares do homem, dividido entre sua aparente autonomia e a obediência à ordem.
***
Erick Comarck também é aluno do 3º ano do ensino médio, músico e marcado por uma nostalgia dos sentimentos. Um otimista, assim se pode dizer, mas um otimismo racionalmente construído, como se pode perceber em seu texto, amarrado por relações gramaticais, fazendo do poema quase uma prosa. Se há verdade em suas palavras, não se pode saber, mas pelo menos sinceridade há.
***
Renan França é aluno do 1º ano do ensino médio e dono de uma literatura madura e organizada, livre das mazelas e banalidades da vida. Autor de textos que nos fazem enxergar além da carapaça imunda dos homens, que nos fazem penetrar naquela parte obscura que às vezes tentamos negar que existe. Sua escrita causa espanto e repulsa, ao mesmo tempo que nos cospe na cara a constatação da nossa insignificância.
***
Fábio Fonseca é professor desses três jovens poetas, e sobre ele nada se sabe além do que seus textos permitem falar.
Boa leitura!

***

Teleguiado

Continue a contemplar a face lânguida de suas esperanças vazias
A tua idealização de perfeição
Continue a absorver as regalias de seu mundo fantasioso
Sim, sejam pego na armadilha

O mundo gira
O tempo passa
Impérios se levantam e caem
A esperança morre
E você aí, estático

Emoções sem sentido
É o que vejo no teu rosto
A consciência é desativada
Cai, se perde, desaparece
O que resta é a mentira, a prepotência
Falsa idéia de dominação

Por que conhecer limitações?
Por que lutar contra elas?
A trave no teu olho não te deixa ver
Nada além das respostas armadas dadas às perguntas que angustiam

Esquecer o primordial, se abstrair
Continue a contemplar a face lânguida de suas esperanças vazias
Catatônico
Talvez, do grande ponto luminoso a sua frente
Saia a solução para a sua vida adiada!

(Levi Santos)

Vida

É...
Eu prefiro assim
a vida mais feliz
mais alegre e sorridente
prefiro esquecer: momentos tristes,
lamuriantes,
dos que sofri,
que fiz sofrer
dos que virei marionete
nas mãos de uns
... chega!
Aprendi a viver a vida
numa boa
como um sonho
que nunca se acaba.
Sonhe! Brinque!
E sorria,
pois sem sorrisos
o que seria da vida?
Bem, não sei explicar,
mas dos sorrisos que presenciei
que vi-vivi
e os que pratiquei,
desses sim só retiro coisas boas.
Sentimentos verdadeiros
absolutos, claros e óbvios!
Afinal, a vida é assim
e é assim que tem de ser.
Vivemos só de alegrias?
Não sei,
mas desses momentos aposto
aposto que são prazerosos,
a clareza desses sentimentos:
alegria felicidade, saudade, gozo
entre outros, entre todos
que aspiramos o necessário,
para que possamos enfrentar
de peito aberto, rasgado,
os sentimentos mais tristes,
os que ferem e deixam marcas.
Assim termino
lembrando que:
viva a vida,
seus opostos que se completam!
Assim te inicio!

(Erick M. Comarck)

Cidade Maravilhosa

O turista chegou no Rio e viu filas...
‘’E essa fila para que serve?’’
O turista não desconfiou de nada
Era apenas a gincana do dia-dia...

‘’Cinco mil reais para quem comer uma barata...viva!’’

Quando o turista soube, ficou perplexo...
E cumprimentou um por um...
‘’Que gente espetacular... Faz fila para comer um bichinho nojento’’
E a fome virou sinônimo de coragem...

Naquela fila de cariocas corajosos,
Haviam subnutridos e sub-homens...
Mas você se engana quanto ao resto...
Não haviam somente pobres...também haviam bichos,
Como os pais desempregados e filhos sem ter o que comer...
E pessoas com fome de um dia inteiro...

E na placa se lê: Cortesia do Estado do Rio de Janeiro.

(Renan França)

A tragédia dos nossos esquecimentos ou Somos todos insensíveis

nasceu
nem cresceu
sentiu fome
não comeu
teve sede
não bebeu
pediu ajuda
ninguém deu
pegou num fuzil
depois morreu
pra nascer outro em seu lugar

(Fábio Fonseca)

3 comentários:

Anônimo disse...

gostei....nunca tiham feito minha descriçao literaria
apesar de nao entende-la completamente....

Anônimo disse...

Se o todo sem a parte não é todo e a parte sem o todo não é parte,então o todo é parte e a parte é o todo...

Apenas isso,nada mais que isso...
Vamos fazer uma Revolução Literária

Anônimo disse...

Visite Muchas Coisas; temas da vida e do cotidiano;

acesse: http://www.muchascoisas.blogspot.com.br/