domingo, abril 23, 2006

Ensaio sobre a alienação

BEM... UM POUCO DIFERENTE DO QUE TENHO PUBLICADO AQUI, ESSE TEXTO É UMA... É... BEM, DEIXE-ME VER UM ISNTANTE... É... Ô, MÃE, QUE QUE É ISSO AQUI, HEIN??? É... AH, LÊ AÍ E DEPOIS ME DIZ...

Podemos chamar de ensaio. Podemos chamar também de desabafo. Pois aquilo que aqui será escrito talvez não possa ser chamado, ao pé da letra, de ensaio. Tudo que aqui for citado não respeitará nenhuma convenção, não se enquadrará em padrão algum, nem em norma qualquer. O academicismo, na maioria dos casos, tão somente obscurece o pensamento.

Quanto ao caráter, quanto à natureza desse pensamento que pretendemos expor, também estamos avessos a classificações. Seria filosófico, pois? Não se sabe. Fiquemos apenas com esta dúvida. E todas aquelas que por ventura vierem a brotar de todas as leituras possíveis.

Quando considerarmos conveniente, forneceremos as fontes de influência de nosso discurso. Noutras, porém, negligenciaremos, ou por propósito qualquer, ou por simples falha de memória. Além disso, o texto não é outra coisa senão o ponto de encontro de inúmeros discursos, seja atribuído a ele ou não uma autoria que seja.

Até então, nem mesmo tocamos no ponto nevrálgico do debate, ou do desabafo. Discutiremos a tão latente questão da alienação. Esta palavra tão corriqueira. Tão oportuna nos discursos acalorados. E talvez de tão banal, deslocada de seu centro específico. Se é que tal afirmação pode ser feita. Afinal, a palavra é signo ideológico.

Apenas para nos situarmos dentro desta questão complexa, poderíamos discutir, anteriormente, as acepções mais comuns do termo: transferir a outrem; ou quando com o acompanhamento do pronome, endoidecer, enlouquecer, desvirtuar-se; ou ainda afastamento, separação. Sendo assim, se torna tarefa das mais complicadas analisar tal ponto, uma vez que sua dimensão significativa é ampla.

Mas nos chama mais atenção um sentido recente que se pode perceber nas vozes de contestação. E que se associa a outro termo conhecido da academia, e polêmico, é verdade: massa. São ouvidas aos quatro ventos expressões do tipo: as massas alienadas, alienação das massas,... de fato um bicho enorme, tamanha a generalização de tais afirmações.

Quem é a massa? Ou, de que é feita a massa? Bem se sabe que as de bolo são verdadeiras misturas de farinhas, ovos, leite e mais alguns ingredientes. Então são todos eles alienados? E se a massa é realmente alienada, que seria então o recheio do bolo? Como ficam as infinitas coberturas, todas com seus ingredientes específicos?

Como podemos ver, a culinária é uma ciência muito complexa.

Se afirmarmos que a massa está alienada, subentende-se um discurso produzido na terceira pessoa. Ou seja, aquele que fala se distancia daquilo que fala. Ou seja mais uma vez, quem fala não é massa. Será? E se não for, quem seria o quem fala, especificamente. Um super-herói moderno de ideologia deturpada?

Seria então a alienação uma ação involuntária, ou uma fraqueza daqueles que não nasceram predestinados ao senso crítico individual? Seria, talvez, a demonstração mais cabal do estágio de auto-indução descrito por Freud? Quando o intervalo entre a consciência e a subconsciência torna o mundo onírico o mais possível? Será por essa razão que as propagandas publicitárias funcionam tão bem?

Realmente isso aqui não é um ensaio. Não resistiria a uma olhadela de um orientador da academia. Mas isso pouco importa. Pois vamos sustentar a dúvida. Não estamos atrás de uma verdade.

Um sujeito que entra na universidade, por exemplo. Poderíamos tomá-lo como um espécime perfeito da evolução intelectual? Aquele que se liberta da condição de massa e atinge o nível do recheio do bolo? Pois bem. Talvez não. E porque a estatística é “carrasca” nas mãos de quem a manipula, podemos ver nesse seres teoricamente em evolução a prova real e mais assustadora da regressão.

Pensemos na biblioteca, por exemplo, aquele empírico hotel de traças. Até mesmo os que costumam freqüentá-la – referimo-nos agora a pessoas – recebem tal alcunha. Lá se concentram textos, palavras em ordenação, que talvez provoquem a desordem que tanto necessitamos. Que poucas vezes se transformaram em discurso. Permanecerão na inutilidade e esterilidade do texto em hibernação.

O mais comum é que um estudante a visite (a biblioteca) dentro das suas obrigações de pesquisa, alimentadas, em sua maioria, por uma ambição intelectual do professor, e não do aluno. Seria isso um exemplo de alienação? Isto põe a teoria primeira da evolução ideológica em xeque? Talvez.

Concretamente, estes alunos preferem ter em suas cabeças o rap do boldinho e não o caminho da introspecção até se atingir o farol, da Virgínia Woolf; preferem o pagode de sábado à discussão sólida e bem fundamentada da relação entre comunismo, capitalismo, emoção e razão de São Bernardo; preferem ser Sanção, ao invés do burro, de Orwell; preferem o vôo ao espaço de Marcos Pontes que a viagem ao inferno da vida de Álvaro de Campos.

E pasmem, religiosos, preferem até mesmo a taça da copa do mundo, cheia de ouro e glamour, ao humilde santo graal. Nada se torna práxis sem uma dialética. Então, qual seria o papel dos alienados nisso?

Pensamos que isto aqui mais parece um desabafo mesmo; e como todos, este termina sem um desfecho. E o desabafo é uma atitude quase insana, quase enlouquecida, quase endoidecida... quase alienada, não é mesmo?

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá!!! O desabafo sobre a alienação me apareceu numa hora oportuna. Estava pensando sobre isso dia desses... e se considerarmos a alienção uma escolha? A referência que vc faz ao estudante universitário, pra mim, por enquanto, é um exemplo de alienação como escolha de vida. Não existe uma preocupação em se pensar a universidade como parte da sociedade... ela é um mundo à parte, rs. Não sei se me faço clara, mas existe sempre "algo" que impede o pensar. Há de existir fómulas prontas, se não não serve. Ou vc acha que esta nossa discussão travada neste blog se daria em outro espaço? Talvez... mas para isso alguém teria que "definir" alienção segundo um teórico não-sei-das-quantas para que o argumento tenha "validade". Ah... foi vc que pensou isso? Mas quem é você? Ah... sei lá também... vou pensar mais no assunto e depois eu volto, rs.

Anônimo disse...

Gostei muito do texto... Bom trabalho.