domingo, maio 07, 2006

Anatomia literária do Homem

Os homens e seus carros
e seus rastros
e seus mastros
tombados, quebrados

Os homens e seus instantes
e seus semblantes
tão replicantes
Estanques, distantes

Os homens e seus sonhos
Estranhos
Em rebanho

Os homens e suas bebidas
E suas feridas
Pessoas perdidas
Moribundos, sem vida

Os homens e seus carnavais
E seus arraiais
Cegos demais
Ninguém é capaz

Os homens e seus sonhos
Estranhos
Em rebanho

Os homens e suas medidas
Atitudes fingidas
Vontades iludidas
Escolhas ruídas

Os homens e suas carícias
Tão caras delícias
Cheias de malícias
Razões fictícias

Os homens e seus sonhos
Estranhos
Em rebanho

Os homens e o seu dinheiro
Seu bote ligeiro
Nenhum companheiro
Sozinho, solteiro

Os homens e seus amores
Campo vasto de flores
Que se desmancha em dores
Emoções tão incolores

Os homens e seus sonhos
Estranhos
Em rebanho

Os homens e suas picuinhas
Feito galos em rinhas
Por alegações tão mesquinhas
Tão inhas

Os homens e seus destinos
Seus olhos de meninos
Desejos pequeninos
Assim tão libertinos

Os homens e seus sonhos
Estranhos
Em rebanho

Os homens e suas crenças
Tão pouco intensas
Só mais pretensas
De ofensas, sentenças

Os homens e suas críticas

Opiniões fatídicas

Os homens e seus negócios

E seus imbróglios

Os homens e seus bens

De que são reféns

Que merda os homens
Que homens tão homens

Os homens e seus sonhos
Estranhos
Em rebanho

Um homem assim tão manco
Assim tão bambo
Segue o balanço
E pega no tranco

Ou deixa o motor morrer de pranto

4 comentários:

Anônimo disse...

da porra, hne!
bem crítico e inteligente, numa estrutura maneira, com rimas e ritmo, muito bom!

Anônimo disse...

Professor, belo site e bela poesia, adorei... eh por uma coisa dessas q tenhu orgulho d ser sua aluna...

Anônimo disse...

passei só pra lhe parabenizar por mais uma obra-prima...
bjs

Anônimo disse...

vc é realmente um poeta e sua poesia é lida e agressiva como larvas de um vulcão